Textos e Poemas do Gonzaga Mota
DEPRESSÃO CÍVICA
No momento atual, fatores como a corrupção; o fisiologismo; a busca do poder pelo poder, não respeitando os princípios éticos; a ambição; o fundamentalismo religioso; a globalização perversa; os estelionatos eleitorais e administrativos, motivados por alguns mecanismos de marketing e da falsa mídia, dentre outros elementos, estão conduzindo a grande maioria das populações de países ricos, emergentes e pobres para uma crise que abrange aspectos morais, socioeconômicos, de desesperança, de irresponsabilidade, de injustiça, de violência, etc, gerando um quadro de depressão cívica.
O avanço científico e tecnológico beneficiou apenas determinados segmentos da humanidade, não permitindo a redução do número de pessoas excluídas e oprimidas. Falta solidariedade. Conforme Santo Tomás de Aquino: “Há homens cuja fraqueza de inteligência não lhes permite ir além das coisas corpóreas”.
Precisamos, sem preconceitos, pensar o futuro. Cremos que a grande crise mundial é consequência do aumento do pragmatismo tático e da redução das correntes de pensamento filosófico. Todavia, não obstante as diferenças culturais dos povos, existem características básicas que devem ser comuns: a justiça; a honestidade; a perspectiva de mobilidade social; a soberania popular, evidenciada por convicções democráticas e não por forças autoritárias; bem como, a busca permanente da paz.
Como disse o grande poeta, brasileiro do Nordeste, Manuel Bandeira: “ah! Como dói viver quando falta a esperança”. Que Deus nos ajude.
Gonzaga Mota
Professor aposentado da UFC
Meu Amor
Para Mirian, minha querida mulher
Estamos casados há 58 anos.
Muito tempo!
Longa vida conjugal.
Quatro filhos, nove netos e seis bisnetos.
Passamos momentos de alegria e dor.
Às vezes, ficávamos tristes e indiferentes,
porém, logo voltava o sólido amor.
Lembrava sempre para você,
o poeta Drumond:
“A gente sempre se amando, nem vê o tempo passar.
O amor vai-nos ensinando,
que é sempre tempo de amar”.
Que beleza!
Deus me privou dessa virtude
e inspiração do poeta.
Mas, deu-me você, Mirian,
para vivermos com um só coração.
Não só vivemos.
Não só amamos.
Mas, sonhamos juntos,
com as bençãos e proteção do Divino.
Gonzaga Mota
Professor aposentado da UFC
Verei
Para Ulysses Guimarães
Não sei quando, mais verei
Todas as crianças na escola
Estudando e brincando
Nunca na rua pedindo esmola.
Não sei quando, mas verei
Todos os adultos trabalhando
Nos campos ou nas cidades
Procurando a desejada felicidade.
Não sei quando, mas verei
Todos os idosos respeitados
Vivendo com dignidade
Amados e não rejeitados.
Não sei quando, mas verei
Homens e mulheres com deficiência
Tendo chances e oportunidades
Para viverem com decência.
Não sei quando, mas verei
A população brasileira
Com saúde segurança e educação
Vivendo em paz, com feliz emoção.
.
“...que é muito difícil você vencer a injustiça
secular, que dilacera o Brasil em dois países
distintos: o país dos privilegiados e o país dos
despossuídos”. (Ariano Suassuna)
Gonzaga Mota
Professor aposentado da UFC
TAXA DE CÂMBIO
Taxa de câmbio é o preço da moeda estrangeira (divisa) em termos de moeda nacional, ou seja, a relação existente entre duas moedas. Por exemplo, R$ (real) do Brasil comparado com o US$ (dólar) dos EUA. Pode-se dizer que por trás da demanda de divisas está o fluxo representativo da saída de recursos para o exterior, mediante operações como: importação de bens e serviços, turismo no exterior, pagamentos financeiros, empréstimos concedidos, amortizações de financiamentos, etc.
Por outro lado, por trás da oferta de divisa tem-se o fluxo referente à entrada de recursos no país, evidenciada por operações como: exportações de bens e serviços, turismo de estrangeiros no país, recebimentos financeiros e empréstimos oriundos do exterior, etc. Os formatos das curvas de procura e oferta de divisas, num modelo de mercado livre, são semelhantes aos esquemas tradicionais da teoria econômica, conforme o sistema cartesiano.
A política econômica deve ser observada detalhadamente, pois poderão ocorrer efeitos colaterais negativos, tais como: inflação, desemprego, aumento da taxa de juros, desajustes fiscais, queda de investimento, etc.
Hoje, no Brasil existe uma grande expectativa em torno do câmbio, “todo cuidado é pouco”. Os “policy makers” devem permanecer atentos às conjunturas econômico-políticas, internacional e nacional, de modo a evitar especulações, desperdícios, bem como o perigoso risco de uma crise cambial, que poderia levar o País, da “enfermaria” para a “UTI”.
Ademais, geralmente, as variáveis no campo da ciência econômica são interdependentes, sendo fundamental a utilização de ”posologias” adequadas.
Gonzaga Mota
Professor aposentado da UFC.
CRISE E PODERES
Infelizmente, estamos vivenciando, no Brasil, uma crise política, social e econômica de largo alcance e de consequências imprevisíveis. Um olhar acurado sobre o relacionamento dos poderes constituídos mostra que alguns membros integrantes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário não estão cumprindo, a rigor, com suas responsabilidades delegadas direta ou indiretamente pelos brasileiros e compatíveis com o estabelecido no art. 2º da Constituição Federal. Vale destacar, ainda, de forma pontual e aguda, a influência perniciosa da “monetarização” e a falta de espírito público de determinados funcionários, servidores e políticos.
Por sua vez, os desvios de conduta se ampliaram no Executivo, quando as estratégias de “marketing” político substituíram os planos de governo, e também quando se passou a priorizar o poder e não a atividade governamental. A alternância é essencial ao processo democrático.
Já a perda de autonomia política do Parlamento, considerando-se suas atribuições principais: legislar e fiscalizar, deu oportunidade ao incremento da corrupção e à implantação de programas com reduzida sustentabilidade social e econômica, bem como técnica. Ademais, é importante a existência de um Judiciário capaz de garantir a legitimidade e a legalidade constitucional.
Objetivando a consolidação da democracia, única forma de eliminar a crise, jamais podemos esquecer os princípios da independência e harmonia dos três poderes, conforme definido por Montesquieu, como também não devemos concordar com a “judicialização” da política e a “politização” da justiça.
Gonzaga Mota
Professor aposentado da UFC
INDAGAÇÕES
Com certeza esta manhã é a primeira do meu fim. Todavia, espero que não seja a última da minha vida.
Com as bençãos do Senhor, desejo viver mais para tentar amar, fazer o bem; ter fé e esperança; como também pedir e agradecer. Assim, deve-se buscar viver num ambiente onde prevaleçam a amizade e a solidariedade e não o interesse e a falsidade. Ademais, ser feliz não é simplesmente ter uma existência boa, mas a convicção de que apesar dos desafios e das dificuldades é importante viver.
Dentro dessa linha de raciocínio, apresenta-se um poema/prosa, fugindo dos aspectos formais, sem rima e sem métrica, consubstanciando indagações para refletir e, se possível, alcançar uma vida melhor. Talvez! Eis o texto, formado por dez estrofes, sendo um terceto, oito dísticos e uma quadra:
1) A vida é um belo dom. Não se sabe a hora da partida. Passa rápido como
o som.
2) Por que ambicionar o poder? Mais vale cumprir o dever.
3)Por que sempre
buscar a soberba? Importante é ser um cidadão simples e justo.
4) Por que tanta vaidade?
Nunca traz felicidade.
5) Por que a inveja? Atitude que nada almeja.
6) Por que a ausência da solidariedade? Comportamento que leva à deslealdade.
7) Por que a humildade? Sentimento que demonstra bondade.
8) Por que a harmonia? Para se alcançar a sabedoria.
9) Por que combinar fé e razão? Visando obter a verdadeira união.
10) A vida é para amar e servir.
Apesar da indesejada rapidez. Vale a pena viver com lucidez.
Pensando sempre no provir. Convém lembrar, respectivamente, Manoel Bandeira e Fernando Pessoa:
“Vivo nas estrelas porque é lá que brilha a minha alma” e “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.
Gonzaga Mota
Professor aposentado da UFC
O Velório do Prefeito
Era véspera do dia do padroeiro de um pequeno município localizado no sertão do Ceará. A praça da Matriz estava cheia de gente e de barracas; vendia-se do “churrasquinho de gato” às calças boca de sino. O serviço de altofalante não para de mandar mensagens de um alguém para um outro alguém, bem como rodava a música “Festa no Interior” na belíssima voz da grande Gal Costa. De repente anunciou um infausto acontecimento.
O querido prefeito Zeca do Açude havia falecido do coração. Talvez não tenha suportado a emoção do momento. Parou tudo, pois o sertanejo é puro e respeita as tragédias da vida.
A generosidade do vigário, imediatamente, tirou o corpo do Zeca do meio da multidão, coloco-o num caixão e o conduziu para próximo do altar da igreja. A festa transformouse num velório. Milhares de pessoas fazendo preces ao padroeiro, passaram a rezar e uma enorme fila arrodeava o caixão preto. Ao lado, três senhoras choravam copiosamente.
Tomando conhecimento do acontecido, logo cedo, o governador do Estado se deslocou ao município. Quase não consegue adentrar a matriz, era uma multidão incalculável. Ao chegar, depois de muito esforço, perto do féretro, perguntou ao vice-prefeito: qual das três senhoras é a esposa do Zeca? Chiquinho da Rapadura respondeu com naturalidade: as três.
A autoridade tomou um susto, mas de forma triste aproximou-se e externou suas condolências a cada uma. As três disseram que Zeca do Açude era um homem bom, amigo e cumpridor das obrigações. O governador ficou perplexo. O governador ficou perplexo. Quanta compreensão! Às vezes a vida é assim.
Gonzaga Mota
Professor aposentado da UFC
Para Refletir
Não podemos concordar com um mundo onde os desencontros superam, em muito, os encontros. Busquemos a paz, interior e exterior, mediante uma maior força espiritual e um melhor equilíbrio social. Acreditemos que os atuais desajustes e conflitos existentes decorrem da supremacia dos valores materiais sobre os espirituais. Estes são
eternos, enquanto aqueles desaparecem tal qual a prepotência e a arrogância dos pseudopoderosos de plantão.
As classes influentes, notadamente, alguns segmentos do setor econômico e da política, devem observar os reais interesses das populações mediante comportamento compatível com a ética, a justiça, a solidariedade, a
transparência e o espírito público.
Segundo Dostoièvski, “O segredo da existência consiste não somente em viver, mas ainda em encontrar um motivo para viver”. Por outro lado, nos dias atuais, a exacerbação do pragmatismo e do fundamentalismo está ocupando
o espaço das opções inerentes à fé e à razão, manifestações filosóficas complementares e
não de natureza excludentes.
No atual estágio da humanidade, destacam-se como fundamentais os diretos à vida, à paz e à liberdade, bem como o direito de se ter o mínimo indispensável para alcançar a cidadania. Dessa forma, os fundamentos democráticos
divergem de ideologias opacas em que o poder é , na maioria das vezes, exercido mediante a força, a mídia tendenciosa e ao dinheiro. Não esqueçamos: “as bases do reinado de Deus são a honestidade e a justiça”. (Salmos 97.2).
Gonzaga Mota
Professor aposentado da UFC
A BÍBLIA
Organizamos e apresentamos em setembro de 2018 o livro “Diariamente com a Bíblia Sagrada” – Citações para meditar com fé. No dia 30 de setembro de cada ano comemorase a data da Bíblia, bem como a festa de São Jerônimo. O mencionado Santo, encarregado pelo papa Damaso, realizou um trabalho extraordinário para o cristianismo. Escrita em épocas e locais distintos, nos idiomas aramaico, hebraico e em grego e o teólogo traduziua para o latim. A partir desse momento ocorreu uma ampla divulgação em várias línguas.
Até hoje o Livro dos Livros continua sendo o mais importante de todos os tempos, todavia não sabemos se é o mais lido e interpretado. A Bíblia é formada pelo antigo testamento (escrito antes de Cristo) e pelo novo testamento (escrito depois de Cristo). Consideramos, por suas passagens espirituais e de vida, com análises filosóficas e teológicas, o Texto mais sábio da literatura universal.
Qualquer livro e de qualquer autor (prosa, romance, poesia, etc) se examinarmos, encontramos alguma mensagem constante da Bíblia, mesmo que o autor não tenha tido, de forma analítica, a intenção de redigi-la. Concordamos que a Bíblia não é apenas um livro para estudiosos, mas, principalmente, para o povo. Apesar de a sua exegese não ser fácil, o leitor precisa ter a consciência de que a Sagrada Escritura é um Livro de reflexão e oração.
Convém sempre lembrar uma frase do Padre Antônio Vieira: “Semem est verbum Dei” (A semente é a palavra de Deus). Assim, aqueles que possuem a difícil missão de conduzir um povo, além dos projetos e do “marketing” político, não devem nunca esquecer de interpretar com fé os ensinamentos bíblicos.
P.S. Conforme Abraham Lincoln: “Estou ultimamente ocupado em ler a Bíblia. Tirai o que puderdes deste livro pelo raciocínio e o resto pela fé, e, vivereis e morrereis um homem melhor”. E de acordo com I. Kant, “É minha fé na Bíblia que me serviu de guia em minha vida moral e literária".
Gonzaga Mota
Professor aposentado da UFC
MEUS 20 INQUIETANTES “AIS”
Nosso articulista Gonzaga Mota nos traz um de seus textos poéticos para o nosso portal. Vem ver!
1. Com sofrimento e dor,
às vezes, com pouco amor,
choro, quando persiste a melancolia.
2. Canto ao surgir a alegria,
lágrimas quando aparece a tristeza.
3. Beijo o ar, pensando nas pessoas queridas,
muitas já partiram,
outras aqui me consolam.
4. Tempo, tempo, voa,
de você quanta saudade,
encontro a razão de viver,
superando, com esforço, as dificuldades.
5. Nem sempre, admiro o surrealismo,
com certeza, melhor será o realismo.
6. Procuro aumentar minha fé,
a oração me fortalece,
Deus me ilumina.
7. A vida vale a pena,
com humildade e solidariedade,
ou seja, com amor.
8. A inveja leva o invejoso a sofrer,
e o invejado, com a proteção divina, não será atingido.
9. Minhas ações me fazem pensar e meditar,
na bela tristeza ou na triste beleza.
10. Busco o amor com o coração,
ajo com fé e razão.
11. A resiliência é uma bela virtude,
já, a fé, a esperança e a caridade são teologais.
12. A vida só tem sentido quando se ama,
sem pensar em retorno, mas na gratuidade.
13. Preencher o vazio existencial,
é o sentido da vida,
sem angústia e com doação.
14. A vida é de Deus,
ou seja, é um dom que Ele nos deu.
15. Creio que a melhor maneira de vencer a dor,
é pensar e agir com muito amor.
16. Minha triste solidão,
início da cruel desilusão.
17. A vida passa rápido para ser gasta
com o ódio, a vaidade e a inveja,
gaste-a com o amor e a humildade.
18. Saiba usar a liberdade,
com responsabilidade e solidariedade.
19. A corrupção não tem base
Ideológica e nem filosófica,
existe por escassez de caráter humano.
20. O amor ao próximo,
abençoado por Deus,
não permite a impunidade.
GONZAGA MOTA
Professor aposentado da UFC
MELHOR IDADE
Pedro e Maria Silva, ambos quase oitentões, resolveram fazer uma viagem turística de navio pelo Caribe. Embarcaram num avião em São Paulo e viajaram até Miami. Durante quase 10 horas passaram momentos desconfortáveis na classe
econômica. Os pés dos dois incharam, as pernas ficaram dormentes e as costas doídas.
Chegando, apanharam as malas com dificuldade e se dirigiram ao porto, onde estava o belo navio de 12 andares. “Seu” Pedro já estava zangado e a fim de desistir de navegar durante quatro dias. Porém, dona Maria, apesar do cansaço, o convenceu a continuar com a programação. Entraram num navio extravagantemente decorado (predominavam as
cores vermelha e preta e as luzes eram douradas e prateadas). Outros casais, também de idade, andavam com dificuldade de um lado para o outro, os jovens se abraçavam de forma sensual e as crianças corriam pelos corredores e brincavam nos elevadores panorâmicos.
A movimentação era grande. “Seu” Pedro pensou em desistir mais uma vez, no entanto o navio já estava singrando o mar caribenho. Ufa! Terá que suportar. Dona Maria tentava acalmar o marido e resolveram descansar um pouco na cabine. Isso não é programa, alardeava o nervoso Pedro. Chegou o momento do lanche vespertino.
A fila era enorme, todos com fome. A comissária de bordo, olhando para o casal brasileiro, falou: nossas pesquisas constatam, de forma unânime, que a melhor idade é uma beleza, ‘venham à frente’. “Seu” Pedro respondeu agitado: minha filha, segundo Nelson Rodrigues, “Toda unanimidade é burra”. O casal da falsa melhor idade enfrentou 4 dias
de sofrimento. Assim é a vida.
Gonzaga Mota
Professor aposentado da UFC
Odisseia de Chico
Chico, homem bom e trabalhador, na roça lutava de sol a sol. Em casa, com a mulher e filhos, além de descansar e prosear, comia, com todos, farinha d’água com rapadura e bebia uma caneca de café. Voltava cabisbaixo a prosear, pensando em dias melhores para ele e sua família.
Desejava abandonar a casa de taipa e procurar outro trabalho. O sertão não permitia que Maria, seus dois filhos, José e Ana, vivessem de forma justa. Resolveu partir para uma cidade grande. Maria e os filhos choraram.
Foram consolados por ele, com a esperança de melhorarem de vida. Maria, além dos afazeres de casa, passou também a trabalhar na roça para sustentar José, com três anos e Ana, com apenas dois. Vida dura!
Quanta saudade! Dizia Maria: com fé em São Francisco de Canindé e no “Padim Ciço”, Chico voltará para levar a gente. Maria pensava com o coração: a pior dor é a da saudade, longe da pessoa amada. A espera foi grande com final triste. Chico morreu trabalhando na construção de um prédio. Morreu com muita dignidade, porém vítima da injustiça dos homens. Lembramos os versos do poeta Patativa do Assaré e a voz sertaneja de Luiz Gonzaga, foi uma “Triste Partida”.
Pobre Chico, deixou a família desamparada e sem nenhuma perspectiva. A vida quase sempre é muito dolorosa. Maria e seus dois filhos fizeram as trouxas e se tornaram pedintes noutra cidade grande. Passaram fome, humilhação, perseguição e poucos externavam o sentimento de solidariedade. Vida sem vida, cruel, desigual e sem esperança.
Como disse o grande poeta nordestino ManuelBandeira: - Ah, como dói viver quando falta a esperança!
GONZAGA MOTA
Professor aposentado da UFC
MK VERSUS MF
De forma bastante resumida, tentaremos mostrar duas políticas (fiscal e monetária) aplicadas no controle da Economia de um País. Salvo melhor juízo, os dois economistas mais influentes sobre o assunto, nas últimas dez décadas, foram John Maynard Keynes (JMK) – 1883/1946 – e Milton Frieldman (MF) – 1912/2006.
Keynes não concordava com a “mão invisível” de Adam Smith e apresentou uma réplica a Jean Baptiste Say (“a oferta cria a sua própria demanda”), quando analisava a Grande Depressão de 1929. Sua ideia se baseava na tributação e na realização de gastos governamentais, preocupando-se mais com o combate ao desemprego do que com a inflação.
Já Frieldman, monetarista, adepto do laissez-faire, acreditava que o equilíbrio ocorreria em função das forças de mercado, ressaltando a importância das taxas de juros. Somos de opinião que as duas políticas possuem pontos
positivos e negativos, porém não são excludentes. Os “policy makers” devem tirar, de ambas, orientações que possam conduzir a atividade econômica de um País a níveis aceitáveis do emprego, da inflação, do crescimento do produto e das contas externas.
Os indicadores mencionados são interdependentes e se apoiam, de forma significativa, em decisões de natureza
político-administrativas. Ademais, no momento atual, qualquer País precisa também encontrar a democracia e considerar os programas educacionais, o meio ambiente, o processo da globalização, enfim a necessidade de um planejamento estratégico de longo prazo, como políticas importantes na busca da estabilidade macroeconômica.
LUIZ DE GONZAGA FONSECA MOTA
Professor aposentado da UFC
Procuremos a verdade
A humanidade vive, no momento, uma época de incerteza caracterizada pela falta de solidariedade, de tolerância
de espírito público, de entendimento, por um lado, e pelo excesso de individualismo, de indiferença, de radicalismo,
de fundamentalismo, por outro. Estes comportamentos levam a crises de violência em todos os seus aspectos:
guerra, fome, corrupção, drogas, desemprego, dificuldades sociais, desagregação familiar, falta de perspectiva etc.
A ganância de determinados países motiva uma desconfiança que prejudica o entendimento e gera
desigualdades e desequilíbrios políticos, econômicos, sociais e culturais. Nessa linha de raciocínio, surgem a
miséria crescente de milhões de pessoas, a corrida armamentista, a falta de solidariedade humana, a ausência de
uma paz estável, o terrorismo, dentre outros problemas.
O radicalismo tem influenciado de forma negativa as alterações de comportamento e de organização social, nos países socialistas e capitalistas. Crises, desemprego, miséria, endividamento e violência decorrem de movimentos radicais que não buscam soluções, mas modelos errôneos do ponto de vista socioeconômico e político. Todavia, é extremamente difícil e controvertido encontrar um modelo sociológico, filosófico e ideológico, capaz de gerar tranquilidade. É urgente a necessidade de ações e programas que, voltados, principalmente, para a área social, promovam e consolidem oportunidades ao povo.
Lamentavelmente, nos dias atuais, a exacerbação do pragmatismo está ocupando espaço das opções aceitáveis, o que nos confunde e aumenta as dúvidas relacionadas com a existência e a verdade. Acreditamos serem as manifestações pragmáticas influenciadas pelo maniqueísmo da direita cartorial e da esquerda corporativa, pela ânsia de poder, pelo individualismo e pela ausência de sentimentos espirituais.
O Estado existe não para ser opressor, mas para assegurar os princípios básicos da democracia. Precisamos nos voltar para o conhecimento das verdades essenciais, objetivando alcançar os valores éticos indicadores de um mumdo social baseado nos conceitos de justiça e de liberdade. Uma ideia se destaca hoje nas discussões e debates realizados no mundo: globalização. É importante que ela surja como uma forma de promoção social universal, mediante manifestações não apenas econômicas, mas principalmente de ordem política e cultural.
Gonzaga Mota
Prof. Aposentado da UFC
DUAS ESCOLAS
São várias as manifestações culturais e intelectuais nos campos da literatura, da música, da pintura, da economia etc. No entanto observando-se apenas a pintura, em séculos mais recentes, pode-se dizer que o romantismo opôs-se ao classicismo; o realismo foi de encontro ao romantismo e precedeu ao impressionismo que, por sua vez possibilitou o surgimento do expressionismo, bem como serviu de transição para a arte moderna.
Apesar de vários movimentos existentes, concentrei-me de forma resumida, no exame das correntes impressionistas e expressionista de pintores geniais. A primeira origem no final do século XIX, na França, caracterizou-se pelo interesse em efeitos de luz, não se preocupando com contornos e com outros tons sombrios, porém enaltecendo a alegria de viver. A segunda procurou mostrar, não só os aspectos objetivos, mas as emoções subjetivas onde pensamentos e acontecimentos suscitam no artista. Foi iniciado na Alemanha, atingiu o seu auge entre 1910 e 1920.
O impressionismo, embora mantendo temas do realismo, não se propôs a fazer denúncia social. Mostra paisagens urbanas e suburbanas, como o naturalismo. Entre os impressionistas, destacam-se: Monet, Manete e Renoir. Nos quadros desses artistas são comuns cenas passadas em jardins, à beira do rio Sena, em cafés, teatros e festas. Destacaria Monet e Renoir como os principais integrantes do movimento e as telas " Manhã no Sena", (Monet) e "Rosa e Azul" (Renoir).
Embora Renoir tenha sido um dos fundadores do impressionismo, seu maior expoente, desejou ser um pintor renascentista. Já no impressionismo, não existe a preocupação com a beleza tradicional e as obras mostram um enfoque pessimista da vida. O artistas muitas vezes, dominado pela angústia e a dor, denuncia problemas sociais. o precursor foi Van Gogh e, na minha visão, as telas "Os Girassóis" e "Noite de Verão", foram suas obras principais.
ESQUERDA E DIREITA
Diz-se que: "quando a esquerda começa a contar dinheiro converte-se em direita" e por sua vez quando a direita deixa de contar dinheiro, vira esquerda. Essas observações mostram a importância dos aspectos monetários na formação do pensamento e das atitudes, ao longo do tempo, de boa parte da humanidade. Estudiosos abordaram tal comportamento à luz de princípios políticos, éticos e Morais. Assim por exemplo aconteceu na antiguidade com Platão, na segunda metade do século XIX com Engels e mais recentemente com Max Weber, dentre muitos outros.
Nos dias atuais o pragmatismo está ocupando espaço das opções institucionais, fato que nos confunde e aumenta as dúvidas relacionadas com a existência e a verdade, analisada por Sartre. Acreditamos serem as manifestações pragmáticas, influenciada pelo maniqueísmo de direita e esquerda, pela ânsia do poder, pela falta de solidariedade, pelo individualismo e ausência de sentimentos espirituais.
O estado existe não para ser opressor, tampouco de direita ou de esquerda, mas para assegurar os princípios básicos da democracia. Precisamos nos voltar para o conhecimento das verdades essenciais, objetivando alcançar os valores éticos, indicadores de um mundo social baseado nos conceitos de justiça, igualdade e oportunidades.
Ademais um líder não se faz por instrumentos ou mecanismos artificiais, mas pelo reconhecimento livre e soberano do seu povo. Forçar o segmento ou destruir uma liderança, usando os segmentos da falsa mídia e " marqueteiros" gananciosos poderá gerar uma farsa administrativa e política.
Aqueles que assumem um cargo na vida pública pensando em fazer negócios e não trabalhar pelo povo, não são democratas, pelo contrário, são tiranos enrustidos, dominados pelas forças da corrupção. Não ao maniqueísmo, seja de direita ou de esquerda, mas sim a defesa da democracia apoiada na Liberdade e na justiça social.
Gonzaga Mota
Prof. aposentado da UFC
DEMOCRACIA E FELICIDADE
O estado brasileiro enfrenta momentos de dificuldades envolvendo os três poderes constituídos, podendo comprometer infelizmente os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, conforme o artigo 2º de nossa Carta Magna: São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o legislativo, o executivo e o judiciário, é claro que os desajustes decorrentes desta situação aflitiva se projetam nas estruturas da sociedade e da família.
Para que possamos refletir desprovidos de qualquer conotação partidária, acerca do grau de inquietação nacional, bem como da necessidade de cada brasileiro ter uma parcela de responsabilidade na solução da problemática, apresentaremos algumas ideias de pensadores relacionadas com atitudes e comportamento das pessoas: "Como é estranho ambicionar o poder e perder a liberdade" (Francis Bacon).
"O supérfluo dos ricos é o necessário dos pobres" (Santo Agostinho). "Há homens cuja fraqueza de inteligência não lhes permitiu ir além das coisas corpóreas" (Santo Tomás de Aquino). "A nação que preza outros valores acima da Liberdade, perderá sua liberdade e ironicamente se forem o conforto e o dinheiro que ela preza mais, irá os perder também" (Somerset Mangham). "Abra o coração para que entre mais amor" (Goethe). "Ah! Tô Como dói viver quando falta a esperança" (Manuel Bandeira). "Recorda-te do rosto do homem mais pobre e necessitado que haja visto; vê se o passo que pensas em dar, lhe servirá de alguma ajuda" (Mahatma Gandhi).
Não estamos perdidos. Observemos a verdadeira justiça em Deus. Distribua solidariedade e amor, não guarde ódio, somente assim pode se encontrar o caminho da democracia e da felicidade, pensemos nos valores espirituais e não apenas nos valores materiais, desta forma conseguiremos uma sociedade bem mais justa e igualitária.
Gonzaga Mota
Prof. aposentado da UFC
POLÍTICA ECONÔMICA
O pensamento econômico ao longo do tempo apresentou modificações significativas. Escola como a mercantilista, a clássica, a marxista, a neoclássica, a keynesiana a liberal dentre outras, mostraram a importância da filosofia e da matemática. Sem dúvida em todas as escolas destacaram-se as bases filosóficas objetivando o entendimento da realidade.
já a matemática foi utilizada com vistas a investir relações abstratas e lógicas. Com certeza o progresso econômico e a conscientização das pessoas, motivaram o surgimento de teses na área econômica abrangendo também conceito de ordem política e social. Cientistas e estudiosos como Adam Smith, Stuart Mill, Hegel, Max Weber e mais recentemente Keynesiana e Friedman, desenvolveram teorias fundamentadas em diretrizes filosóficas, por outro lado Petty, Quesnay e Leontief, por exemplo, deram ênfase a conceitos matemáticos nas suas teses do equilíbrio econômico geral.
A rigor a filosofia é dialética, chegando até mesmo a ruptura. A matemática no entanto, por ser exata é lógica, possuindo normas de raciocínio. Filosofia e matemática são importantes na formulação de políticas econômicas. Vale lembrar Amatya Sen, em seu livro desenvolvimento como Liberdade, quando ressalta privações econômicas, sociais e políticas. Por sua vez, disse Celso Furtado: "
O debate é saber se o estado vai sobreviver no país, como suprir seu esvaziamento e que consequências esse processo terá para a sociedade". Ademais, aqueles que trabalham na vida pública não devem se preocupar apenas com o poder. Mas com o povo. É importante o exercício da democracia. Por outro lado, a coerência pragmática e de objetivos, abrangendo indicadores políticos, administrativos, economicos e sociais, leva um país ao caminho da justiça e da Liberdade, sem opressão física ou moral, mas com capacidade de entendimento ético/jurídico.
Gonzaga Mota
Prof. aposentado da UFC
Educação e Desenvolvimento
Concordamos com a idéia de que a educação deve ser proporcionada a todos por constituir um direito e uma condição para o pleno desenvolvimento da pessoa humana. Além de constituir um direito, a educação também é um dos principais fatores, senão o mais importante, do desenvolvimento dos países. É fundamental que as nações entendam, em primeiro lugar, que a educação não constitui um gasto, mas um investimento.
Em segundo lugar, é um investimento de longo prazo que deve expressar o compromisso de gerações e ser levado a um projeto do Estado Democrático, para além das divergências partidárias das forças políticas que momentaneamente ocupam os papéis de governo e oposição, ou seja, a educação não deve ser um programa de Governo, mas de Estado.
Ademais, deve-se buscar a articulação dos diversos atores sociais, somando esforços de governos, setores empresariais e trabalhistas, enfim, da sociedade em geral. Há uma evidente correlação entre os níveis educacionais, cognitivos e comportamentais, das populações e o desenvolvimento dos países.
Esse entendimento levou à adoção da educação como um dos fatores na construção do conhecido IDH-Índice de Desenvolvimento Humano, que tem orientado as políticas públicas em vários países e constituído importante indicador de avaliação de seus acertos ou insuficiências.
Resta, pois, o passo mais difícil- transformar a retórica em ações concretas e priorizar os investimentos do setor educacional, nas múltiplas dimensões do acesso, da equidade e da qualidade. Este será o caminho do desenvolvimento equilibrado, com distribuição de renda e participação de todos na riqueza das nações- o verdadeiro desenvolvimento humano. Devemos nos preocupar menos com a pobreza financeira e mais com a falta de educação. P.S. Segundo Kant: "É nos problemas da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade".
Gonzaga Mota
Prof. aposentado da UFC
Tristonho
Sou um homem triste,
não encontro a minha amada.
Tento esquecer a solidão,
apesar da dor do meu coração.
Não desisto, continuo a procurar,
aquela que um dia,
com certeza, deverá acabar
minha persistente melancolia.
Gonzaga Mota
Prof. aposentado da UFC
Desejo
Quão belo é teu interior,
externas o sentimento do amor.
Mostrando paz e compreensão,
abres as portas do teu coração.
Desejo, um dia nele ingressar,
para te amar.
Gonzaga Mota
Prof. aposentado da UFC
Sensação dolorida
Como dói! É difícil suportar,
não consigo viver em paz.
Sinto a morte se aproximar,
Reagir, não sou capar.
Peço forças ao bom Deus,
somente Ele poderar ajudar.
O desejado conforto espiritual,
com certeza não deverá faltar.
Será um sonho? Preciso acordar,
não quero pela vida passar.
Esperança, esperança: não me abandones.
Gonzaga Mota
Prof. aposentado da UFC
NATUREZA E AMOR
A beleza dos verdes campos,
a alegria luminar do sol,
o perfume dos bons ventos,
a pureza das nuvens brancas,
a água das nascentes,
o cantar dos pássaros
o desabrochar das flores,
as ondas espumantes do mar.
São coisas tão lindas quanto o desejo de te abraçar,
a vontade de te beijar e as manifestações do teu amor.
Gonzaga Mota
Prof. aposentado da UFC
Os Sonhos do Rei do Baião
Um dos sonhos de Luiz Gonzaga, o Rei do baião, o qual podemos também chamá-lo de Governador do nordeste, era ver a construção da rodovia ligando Exu-PE ao Crato-Ce, Conseguiu o feito com os dois governadores de então, Roberto Magalhães, de Pernambuco e Gonzaga Mota, do Ceará, a Rodovia Asa Branca.
Em agradecimento aos governadores a época, ele compôs este belo poema musical.
RODOVIA ASA BRANCA
Eu vi um dia dois homens fazer o importante trato de ligar Exu ao Crato, Pernambuco ao Ceará.
O homem de cá trabalhou, pois chegou logo primeiro e o de lá também ligeiro não dançou e chegou lá.
Olha o homem aí gente, ele é da gente, olha o homem aí alegre e contente, olha o homem aí é o povo que diz, olha os homem juntos na eficiente jornada, com Luiz Lua Gonzaga.
Roda rodada rodando, roda rodeia rodovia, Asa Branca tá todinha pra você.
Olha o homem aí, é asa Branca voltando, é carreta rodando e o povo cantando junto, olha os homem aí, vocês precisavam também ver os dois homens arregaçando as mangas da camisa, abraçado em cima da divisa, Pernambuco/Ceará, naquela data tão festiva, pareciam imitar Patativa. "Cante de lá, que eu canto de cá".
Gonzaga Mota
Prof. aposentado da UFC
Poemas
do Gonzaga Mota
REALIDADE
Meu sonho
teu sonho
nosso sonho
Meu amor
Teu amor
Nosso amor
Minha felicidade
Tua felicidade
Nossa felicidade
Minha vida
Tua vida
Nossa vida.
Sonho, amor, felicidade e vida; nossa linda realidade querida.
Gonzaga Mota
Prof. aposentado da UFC