SALETE EM SOCIEDADE

A arquitetura como parte do cuidado no acolhimento aos pacientes

Nossa entrevistada desse domingo é a arquiteta Joanne Ximenes. Especialista em ambientes voltados aos cuidados com a saúde, a profissional se inspira no trabalho do pai, um médico competente e sensível, que imprimiu na arquiteta a importância de um lugar acolhedor para que a cura ocorra. Para ela, os ambientes da saúde podem sim ter tecnologias aplicadas no mercado da construção civil nacional e internacional. Confira um pouco da sua trajetória de paixão e sucesso em nosso perfil.

1)De qual maneira a arquitetura pode contribuir para humanizar mais os ambientes de saúde?

A arquitetura tem a responsabilidade de provocar sensações em todas as pessoas, refletindo cuidado em cada detalhe de um projeto. Nos ambientes de saúde, esse papel se torna ainda mais essencial e sensível. Afinal, não estamos apenas lidando com estruturas com um projeto e engenharia, mas com pessoas em momentos de vulnerabilidade, em tratamento, cuidados paliativos, pacientes, familiares, profissionais.

Por isso, é preciso unir técnica com normativas específicas e empatia para criar espaços que acolham, confortem e colaborem para o bem-estar e a cura. Afinal humanizar é pensar no fluxo, na luz natural, na escolha das cores, dos materiais adequados, no silêncio e na segurança. É transformar o ambiente hospitalar em um espaço de vida e que dão celeridade a cura. 

2)Como você se interessou por essa área específica? E como se deu a paixão pela arquitetura?

Sou filha de um médico super humano, e toda essa paixão pela saúde nasceu no momento em que percebi que, através da arquitetura, eu poderia salvar vidas. Era atuante em manutenção de um hospital de referência cardíaca e pulmonar Norte Nordeste.

E essa consciência ganhou forma quando acompanhei a jovem paciente Sara Souza, de apenas 18 anos em um delicado transplante de pulmão bilateral.

Foi ela quem me ensinou o verdadeiro valor dos detalhes e cuidados, a importância de portas largas, a iluminação certa, a circulação de ar, a contemplação da natureza, o fluxo dentro do banheiro com a bala de oxigênio para tomar banho, a distância da porta, o material de cada superfície. Tudo precisava ser pensado com extremo cuidado para proteger quem acabava de receber uma nova chance de viver. E ela sempre sorria na entrada de cada profissional multidisciplinar que viesse até seu leito, ela tratava com muito carinho e atenção. Foram dois anos e meio após transplante que ela fazia acompanhamento constante na unidade que eu trabalhava. Isso era em uma unidade do SUS, que me proporcionou ter tanto aprendizado. 

Essa experiência transformadora aconteceu antes mesmo da pandemia, era 2018. Eu tive a honra de conviver com ela e, mais do que isso, de ser moldada por essa história. Estive ao lado dela na sua partida, no Dia Mundial do Transplantado. 

Hoje, cada projeto e consultoria que assino carrega essa verdade: a arquitetura da saúde vai muito além da técnica ela é feita de empatia, respeito e propósito. Então, em 2019, iniciei consultorias para o interior do Ceará. Já era 2022 e decidi iniciar as atividades com projetos para hospitais e serviços em São Paulo e Rio de Janeiro. 

3)Já pensou em seguir outro caminho profissional?

Após tantos anos, especializações e conhecimento agregado, não consigo imaginar atuando em outro nicho de mercado que não seja na construção de ambientes de saúde. Hoje consigo auxiliar não apenas arquitetos recém-formados, mas também apresentar o mercado para a engenharia, que também precisa desse olhar aos cuidados das edificações de saúde. 

É importante pensar na durabilidade dessas construções, em como elas precisam ser acompanhadas de uma manutenção preventiva e corretiva no decorrer de sua existência. Não apenas no SUS, hoje já faço atendimentos privados e particulares. Conhecimento já internacional, em atualização feita na Universidade de Engenharia do Porto – Portugal, pelo Inbec.

A EAS, edificação assistencial à saúde, é muito além de uma edificação, existe também um parque tecnológico a ser preservado pela engenharia clínica. Pois clínicas, laboratórios , consultórios e hospitais são unidades complexas e cheias de especificidades. É algo além do que você ver entre piso, parede e teto. O que demonstra a necessidade de multidisciplinaridade envolvida nesses processos. Inúmeras portas para engenheiros e arquitetos.

No pós-pandemia, quando atuei na linha de frente, entendi com muito mais valor as inúmeras vidas que alcançamos em atuar numa unidade de saúde. Hoje, minha vivência pode agregar a muitas outras vidas. E motivar tantas outras a seguir na linha de melhoria contínua de aprendermos sempre um pouco mais para estarmos no mercado bem qualificados. 

4)Quais são os seus planos profissionais para o segundo semestre?

No segundo semestre, temos palestras já na agenda, infoprodutos a serem lançados para contribuir com profissionais que estão querendo conhecer e entrar no mercado. E já estamos atuando em projetos para 2026 termos novidades no mercado. 

Além da breve publicação e lançamento de livro que estamos trabalhando, ARQUITETURA DA SAÚDE, relatos e experiências, de forma colaborativa para deixar o legado de projetos e visões que ampliam a melhoria de entregas desses projetos de edificações de saúde no Brasil. Conectando histórias e profissionais que sensibilizam com essa pauta.  

5)O que os clientes podem esperar do seu trabalho? 

No mínimo, uma entrega sólida, direcional de bagagem técnica e uma visão sistêmica diferenciada para o seu empreendimento. Não é apenas com beleza, segurança e eficiência. 

Cada consultoria que realizo é uma oportunidade de transformar uma nova unidade de saúde em algum lugar melhor no Brasil. Mais do que criar projetos bonitos pelo simples apelo estético, o meu compromisso está em unir beleza, funcionalidade e acolhimento, entregando ambientes que realmente façam diferença na vida das pessoas.

Porque cada projeto assinado é parte de algo maior: É sobre salvar vidas. É sobre tornar a jornada do paciente menos fria e mais humana. É sobre criar experiências que tocam, acolhem e curam. Como arquiteta da saúde, tenho essa responsabilidade. A minha atuação de arquiteta premiada é com essas vidas que consigo auxiliar na cura. Não me adianta já ter sido premiada em mostras ou expor projetos em revistas. 

6)Quais tipos de projetos costuma fazer?

Atualmente, estamos focados no desenvolvimento de projetos para clínicas. Trabalhamos desde ampliações e adequações, até melhorias estruturais. Nossa experiência em ambientes de alta complexidade nos permite trazer soluções técnicas e sensíveis mesmo nos desafios mais específicos, tornando o Retrofit de clínicas um dos nossos principais diferenciais e reforçando os usos adequados de materiais.

Além disso, oferecemos consultorias personalizadas para gestores de unidades de saúde que buscam entender o melhor caminho para cuidar e aprimorar suas estruturas físicas.

Com uma visão integrada e conectada do setor, agregamos valor estratégico às decisões desses profissionais promovendo ambientes mais seguros, funcionais e humanos.

7)Quando não está trabalhando, como preenche as horas livres?

Momentos mais ricos são esses, que na simplicidade com a natureza que me reconecto. Um simples café em família, um pôr-do-sol, um passeio no parque, brincar com meu cachorro, surfar. Simplesmente sorrindo ao vento sozinha ou com pessoas que me provocam riso fácil! 

8)Como faz para se manter sempre atualizada em sua área profissional?

Tenho feito várias  viagens com propósito de visitar unidades de saúde. Sempre entendi que o conhecimento é a melhor ferramenta para prosperar, desenvolvendo novas habilidades e me fortalecendo a ter melhores atitudes no mercado. Mantendo a ética e não comprometendo os meus valores.

9)Nos indique um livro, um filme e uma série.

LIVRO: O jeito Disney  de encantar os clientes
FILME: Patch Adams: O amor é  contagioso (1998) 
SÉRIE:Como viver até os 100 e Os segredos das zonas azuis

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Por minha vasta convivência profissional durante anos com a sociedade de Fortaleza, aprendi a captar notícias em suas mais preciosas e seguras fontes. Por perceber que no contato com esses registros sociais estava a fonte de minha vocação, resolvi criar meu próprio espaço na mídia virtual, reunindo uma equipe capaz e competente.

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