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Marilyn Monroe além do mito: cartas e imagens nunca vistas em Dear Marilyn

Dear Marilyn chega para mexer com a forma como enxergamos Marilyn Monroe. Muito além das capas de revista e dos cartazes de cinema, o livro traz fotos inéditas e cartas que revelam uma mulher complexa, cheia de nuances e contradições. Sam Shaw, fotógrafo e amigo da atriz, foi quem capturou momentos que escapavam do olhar do público. O resultado é um material que mistura afeto, memória e reflexão sobre a vida da estrela mais famosa de Hollywood.

O mais interessante é como o livro desmonta aquela imagem padrão da diva loira perfeita. Aqui, Marilyn aparece lendo, refletindo, rindo de si mesma e, às vezes, visivelmente cansada. É a Norma Jeane atrás do mito, tentando se equilibrar entre a imagem construída pelo estúdio e sua própria busca por autenticidade. As cartas revelam inseguranças, desejos e até ironias, como se fossem confidências de uma amiga que nunca teve a chance de se abrir sem julgamentos.

Um dos destaques é o relato por trás da foto clássica da saia levantada em O Pecado Mora ao Lado. O clique, que virou símbolo global de sensualidade, ganha outra dimensão quando sabemos os bastidores. Shaw não registra apenas a cena, mas o contexto: a pressão do estúdio, a curiosidade da multidão e a própria resistência de Marilyn em ser reduzida a um estereótipo. O livro nos lembra que imagens icônicas também carregam histórias complexas.

❝ É melhor ser absolutamente ridícula do que absolutamente chata.❞
Marilyn Monroe

Ao longo das páginas, surge um contraste constante entre fama e intimidade. Marilyn queria ser atriz séria, explorar novos papéis e mostrar seu talento além da sensualidade. Mas Hollywood insistia em aprisioná-la em um molde lucrativo. O livro mostra esse atrito com delicadeza, alternando cartas e fotografias que escancaram a diferença entre a mulher real e a fantasia projetada para o público.

Visualmente, a edição é um presente. Capa dura, fotos restauradas e uma diagramação que dá espaço para o olhar respirar entre uma carta e outra. A estética do livro valoriza o silêncio tanto quanto as palavras, criando uma narrativa que não precisa ser corrida. É o tipo de obra que você folheia devagar, sem pressa, absorvendo cada detalhe e repensando o mito a cada virada de página.

Mas também há uma certa romantização. Shaw, sendo próximo e afetivo, escolhe muitas vezes suavizar os dramas mais pesados da vida de Marilyn. A depressão, a solidão e o peso da indústria aparecem, mas sempre filtrados por um olhar nostálgico. Talvez esse seja o limite da obra: ela revela muito, mas ainda preserva o mito, como se houvesse medo de encarar o lado mais sombrio da estrela.

Ainda assim, Dear Marilyn consegue algo raro: mostrar humanidade em quem já virou símbolo. É um livro que conversa com fãs de cinema, amantes da fotografia, curiosos por biografias e qualquer pessoa que queira entender como se constrói e se desmonta um ícone cultural. É como se abríssemos uma janela secreta para o coração de Marilyn, onde a fragilidade e a força convivem em igual medida.

Dear Marilyn: The Unseen Letters and Photographs
Autor: Sam Shaw | Editora: Rizzoli International Publications – 2025
Formato: Capa dura, 256 páginas
Disponível em grandes livrarias internacionais como Target, Barnes & Noble e Amazon.

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