Estou vivendo — ainda — esses restos de tempo, mas confesso que não tenho medo da dúvida do tempo que me resta, onde tudo será uma surpresa com o advento de cada amanhecer. Sou um afortunado com essa herança genética de longevidade. Maktub! Estava escrito e continuo dedilhando essas mal traçadas linhas sobre crenças de pouca fé com pitadas de ilusões, saudades, paixões e arremedos de amores prometidos no dedilhar de contas em rosários que me levaram a acreditar naquela coisa de para sempre. Para sempre!
Pois sim, muitas duraram pouco, mas as vivi. Minha tia Fransquinha já passou dos cem… Um século de plantão com as suas “ave-marias” de milhares de amanheceres e bênçãos de entardeceres e muita paz nas noites bem dormidas. Um séculos! Não gostaria de tanto viver. Carrego comigo o livre arbítrio de entregar os pontos quando sentir e entender que a teimosia de dias extras serão fardos e inconveniências impostas aos circunstantes, pendurado em tubos humilhantes ante os olhares compadecidos de visitante.
Desculpa aí, vai, falar assim dessa finitude assegurada pela cobrança do tempo. Não tenho medo e confesso: ainda bem que vivi todas as aventuras, desafios, vitórias sem medalhas e reveses por conta de investidas sem qualquer certeza de outros dias, como na ilusão da música de Marisa Monte/Arnaldo Antunes, versão ao vivo. “Ainda bem que agora encontrei você, quando já pouco sabia e me surpreendi por realmente não saber o que havia feito para merecer… você!
Ainda bem que vivi para escrever e sentir falta das emoções e até de alguns arrependimentos. Tomara que ainda veja o “cometa (?)” 3i/Atlas, fazendo a festa no imaginário dos que perscrutam o universo, enquanto se prepara para brincar de esconde-esconde por trás do Sol.