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Custo invisível do câncer de mama: quase metade das pacientes enfrenta dificuldades financeiras, revela pesquisa Datafolha

Um diagnóstico de câncer de mama traz consigo não apenas o peso emocional e físico da doença, mas também um impacto financeiro profundo, que atinge quase metade das mulheres em tratamento no Brasil. Segundo pesquisa Datafolha encomendada pela AstraZeneca, 48% das pacientes relatam dificuldades para custear medicamentos, exames e acessar benefícios previdenciários, enquanto 45% enfrentam problemas para arcar com transporte até os centros de tratamento. Questões básicas como alimentação e moradia também se tornam desafios para 42% das entrevistadas, evidenciando a chamada “toxicidade financeira” do câncer.

A pesquisa, realizada entre 22 de setembro e 10 de outubro, ouviu 241 mulheres com diagnóstico de câncer de mama em diferentes regiões do país e revela um panorama preocupante sobre o peso econômico da doença. Mesmo entre aquelas com emprego formal, mais da metade afirmou não ter recebido apoio suficiente do empregador para lidar com as demandas do tratamento. Flexibilização de horários, ajustes de metas e compreensão das limitações físicas são, muitas vezes, inexistentes.

Para Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia, a situação expõe uma fragilidade estrutural no cuidado integral à mulher com câncer. Os custos extras surgem de maneira inesperada e vão além das despesas médicas, atingindo a renda familiar e comprometendo o equilíbrio emocional. A perda do emprego ou a necessidade de recorrer ao auxílio-doença agravam o cenário, tornando o tratamento um desafio de sobrevivência em múltiplos níveis.

A desigualdade de acesso também aparece de forma clara. Apenas 39% das pacientes realizaram testes genéticos para identificar mutações relacionadas ao câncer de mama, percentual que cai para 16% entre as atendidas exclusivamente pelo SUS. Esses exames são fundamentais para orientar terapias personalizadas, mas continuam restritos a quem pode pagar pelos custos elevados, que variam entre R$ 1.600 e R$ 4.000 na rede privada.

Além do impacto financeiro, o estudo mostra um déficit significativo de apoio social. Três em cada dez mulheres afirmaram que em algum momento não tiveram quem as acompanhasse em consultas ou internações, e uma em cada quatro sentiu falta de companhia durante o tratamento. O isolamento emocional e a falta de suporte cotidiano intensificam o peso do diagnóstico, reforçando a importância das redes de acolhimento e empatia.

Uma segunda pesquisa Datafolha, também encomendada pela AstraZeneca, destaca o papel essencial dos cuidadores, que em sua maioria são familiares. O apoio vai além do emocional e se estende a tarefas práticas como transporte, finanças e cuidados domésticos. No entanto, o impacto sobre esses cuidadores é expressivo: 77% relatam sobrecarga, 78% afirmam aumento da ansiedade e 60% mencionam danos à saúde emocional.

Os dados reforçam que o câncer de mama é mais do que uma questão de saúde, é um problema social que exige políticas públicas integradas e sensibilidade coletiva. Garantir acesso igualitário ao tratamento, apoiar financeiramente as pacientes e fortalecer as redes de suporte são passos essenciais para reduzir não apenas a mortalidade, mas também a desigualdade que cerca o enfrentamento da doença. O custo do câncer, afinal, vai muito além das cifras, ele se mede em resiliência, dignidade e esperança.

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