A luta das mulheres advém de muito tempo,
Ouça só essa história que retrata mais que passatempo,
Quando em 1939 uma mulher de nome pequeno,
Ganha notoriedade, tornando-se ícone, sobretudo, no Direito.
Nordestina, cearense, do Maciço de Baturité,
Que traz no DNA a nobreza do cheirinho de café,
Filha de Redenção, cidade que, na contramão da escravidão,
Tornou-se a primeira do país a dar o grito de libertação.
Nascida em 1911, ainda no interior, começa a estudar,
Vindo depois à Fortaleza, ser aluna do Liceu do Ceará,
Anos depois vai à Recife seu destino buscar:
Em 1933 torna-se bacharel em Direito, vindo em 1935 a casar,
Gerando deste enlace com Dr. Luís Costa 4 rebentos a amamentar,
2 Ismael: Jânder, Jânker e 2 Marias: Idalina e das Graças.
Ao regressar à Fortaleza, como promotora pública começa a atuar,
E, em 31 de maio de 1939, apesar de especulações e preconceitos,
Por mérito e aprovação em concurso público, no país nomeada ela está,
E assim, Auri Moura Costa torna-se a primeira mulher juíza de Direito.
Dedicada, desbravadora e destemida, juíza ela veio a ser,
em uma época em que apenas homens detinham esse poder,
Auri chega e prenuncia que o feminino irá ascender,
De Várzea Alegre à Canindé, de Crato à Maranguape,
ocupando vara cível e criminal, ela chega, em 1962, à capital.
Quebrando grilhões e vencendo o machismo, esta mulher
ganha destaque e abre caminhos, para outras tantas florescer.
Sinônimo de competência, sabedoria e seriedade,
Passa de primeira juíza do Brasil à desembargadora,
além de assumir outros tantos cargos de notoriedade,
Como de presidente, vice-presidente e diretora,
Recebendo ainda a honraria, de seu nome batizar,
o primeiro e maior presídio feminino do Ceará.
De nome pequeno, inversamente proporcional à sua grandeza
Em 1979 se aposenta, e doze anos após descansa,
Deixando-nos um imenso e primoroso legado,
Lamentavelmente ainda pouco divulgado,
Quer nos equipamentos públicos ou nos meios sociais
Mas que merece todas as credenciais
Seja na área laboral, como jurista e escritora,
ou no modo de vida encarado, como mulher, mãe e esposa.
Auri, mulher, desbravadora na magistratura,
Uma honra quem se aproximar de sua desenvoltura,
Tendo muita honra e dignidade,
custando muito o que muito vale,
exerceu com maestria e idoneidade
sua terrena existencialidade.
Autoria: Djany de Carvalho (1º lugar categoria POESIA: Prêmio Auri Moura Costa