Mesmo com várias décadas de pesquisa, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) continua sendo um dos maiores enigmas da Medicina. Em pouquíssimos casos, um exame específico é capaz de apontar com precisão sua origem, e a ciência ainda não chegou a um consenso sobre o que realmente desencadeia o transtorno.
Diferentes pesquisas destacam evidências de que idade avançada dos pais, infecções virais ou bacterianas graves durante a gestação, complicações obstétricas e exposição a determinadas substâncias tóxicas podem influenciar o desenvolvimento do TEA. Um trabalho publicado em 2015 no Journal of Developmental & Behavioral Pediatrics identificou que indivíduos com TEA que apresentam variantes genéticas raras de risco e cujas mães sofreram com infecções durante o período gestacional apresentam déficits mais acentuados na interação social e nos comportamentos repetitivos. Tais achados sugerem uma importante interação entre genes e ambiente inflamatório no desenvolvimento do transtorno.
No entanto, essa lacuna no conhecimento das causas abre espaço para dúvidas, teorias equivocadas e até falsas promessas de cura — terreno fértil para a desinformação florescer nas redes sociais e confundir famílias em busca de respostas.
Em setembro, uma fala do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alegando que a ingestão de paracetamol por gestantes era responsável por “causar” autismo contribuiu para aumentar a insegurança na população. Mas esse argumento não tem embasamento científico. “Pesquisas extensas foram realizadas na última década investigando as ligações entre o uso de paracetamol e o autismo e, até o momento, nenhuma associação consistente foi estabelecida”, disse, em nota, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
Já foram identificadas pelo menos 150 falsas causas relacionadas ao autismo, dentre as quais estão alegações infundadas sobre o consumo de salgadinhos industrializados, a exposição à radiação 5G e a aplicação de doses de vacinas. Também foram descobertas 150 falsas “curas” para o transtorno, incentivando, por exemplo, terapias com eletrochoque e ingestão de substâncias tóxicas, como dióxido de cloro e prata coloidal.
Essas falsas associações alimentam a culpa e o sofrimento entre as mães de crianças com autismo, que podem passar a acreditar erroneamente que suas escolhas durante a gestação contribuíram para o diagnóstico.
A recusa a vacinas e medicações pode resultar em infecções não tratadas e ausência de profilaxia contra doenças preveníveis, aumentando o risco de problemas congênitos, parto prematuro e até mortalidade materna e fetal.


























































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































