Se o burnout já entrou para o vocabulário cotidiano como sinônimo de esgotamento no trabalho, um novo termo começa a ganhar espaço nas discussões sobre saúde mental: o boreout. A palavra vem do inglês boredom (tédio) e descreve um quadro em que a pessoa sofre não pelo excesso de tarefas, mas pela falta de desafios e de propósito no ambiente profissional.
O boreout costuma surgir em empregos onde as atividades são repetitivas, monótonas ou não estimulam a criatividade. Para muita gente, isso pode parecer o “trabalho dos sonhos”, mas, na prática, a ausência de motivação pode gerar sintomas sérios. Irritação, ansiedade, sensação de vazio, insônia e até queda da autoestima estão entre as consequências mais comuns.
Psicólogos destacam que o problema não está apenas em ter menos tarefas, mas em viver um descompasso entre expectativas e realidade. O profissional sente que não está utilizando seu potencial, o que leva à frustração e, em casos mais graves, à depressão. O boreout, portanto, é o oposto do burnout, mas ambos carregam o mesmo risco: adoecer mental e emocionalmente.
Outro ponto importante é que a síndrome pode passar despercebida por empresas e gestores. Diferente de quem se mostra sobrecarregado, o trabalhador em boreout muitas vezes continua entregando resultados, mas sem brilho nos olhos. A queda de produtividade acontece de forma silenciosa, enquanto a motivação evapora.
Especialistas em saúde ocupacional defendem que a prevenção passa por ambientes de trabalho mais dinâmicos e inclusivos. Dar espaço para que os funcionários contribuam com ideias, oferecer treinamentos e estimular a rotação de tarefas são estratégias capazes de reduzir o risco de boreout.
Do lado do trabalhador, identificar sinais precoces também faz diferença. Se a rotina parece sempre igual, se falta entusiasmo para novas semanas ou se há a sensação constante de desperdício de talento, pode ser hora de conversar com gestores, buscar novos desafios ou até repensar o rumo da carreira.
Em tempos em que se fala tanto sobre produtividade, o boreout surge como um alerta: não é só o excesso que faz mal. A ausência de sentido no trabalho também pode ser tão desgastante quanto. Reconhecer esse fenômeno é o primeiro passo para transformar a relação entre profissionais e empresas em algo mais saudável e, sobretudo, mais humano.