Cientistas brasileiros apresentaram nesta terça-feira (9) o resultado de uma pesquisa que poderá devolver os movimentos de pessoas com lesões na medula. Essa pesquisa vem sendo desenvolvida há mais de 25 anos.
A polilaminina é produzida pelo laboratório Cristália em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e representa uma esperança para restauração de lesões medulares recém ocorridas. Na fase experimental, o tratamento baseado em uma proteína extraída da placenta devolveu parte dos movimentos a cães e a humanos que tiveram lesão na medula. A Anvisa ainda precisa autorizar novos testes clínicos para garantir a segurança dos pacientes.
Traumatismos na medula interrompem a comunicação entre o cérebro e o corpo, trazendo limitações severas como paraplegia (perda dos membros inferiores) ou tetraplegia (comprometimento dos movimentos do pescoço para baixo). Essas lesões são frequentemente causadas por acidentes de trânsito, quedas ou mergulhos.
Em estudos experimentais, cerca de 10 pacientes conseguiram recuperar os movimentos com o uso de polilaminina, entre eles um jovem de 31 anos que sofreu trauma por acidente de trânsito, uma mulher de 27 anos, que sofreu uma queda, e um homem de 33 anos, que sofreu lesão por arma de fogo.
O laboratório Cristália aguarda autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar a fase 1 dos estudos, que envolverá mais cinco pacientes, para atestar a eficácia e segurança do tratamento. A etapa é fundamental para que o medicamento fique disponível em hospitais brasileiros.
Como o medicamento funciona?
A polilaminina é uma proteína capaz de regenerar as células da medula, devolvendo parcial ou totalmente a mobilidade após uma lesão. A substância é produzida naturalmente pelo corpo no desenvolvimento do sistema nervoso e, segundo descoberta dos pesquisadores da UFRJ, pode ser obtida através da placenta humana.
“É uma alternativa mais acessível e segura do que as células-tronco. Nossos estudos estão em estágio mais avançado, pois as células-tronco possuem imprevisibilidade após a aplicação”, afirma Tatiana Coelho Sampaio, bióloga do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ e líder do estudo.