Às margens da Baía do Guajará, onde fé, cultura e economia se misturam durante o Círio de Nazaré, um novo debate começa a ganhar força: o da sustentabilidade e do papel dos pequenos empreendedores na construção de um futuro mais verde. No mesmo espaço em que o tradicional e o sagrado se encontram, o foco agora se volta também para o planeta — e para a preparação da COP30, conferência global do clima que será sediada em Belém, em novembro de 2025.
A celebração, idealizada pela cantora Fafá de Belém na Estação das Docas, abriu espaço para experiências que unem desenvolvimento local e consciência ambiental. Artesanato, gastronomia e expressões culturais amazônicas dividiram a cena com iniciativas que buscam inspirar novas formas de produzir e consumir, em sintonia com a preservação da floresta e das águas.
Durante o evento, visitantes puderam participar de atividades educativas sobre mudanças climáticas e sustentabilidade, além de vivenciar a arte indígena por meio dos grafismos conduzidos pela multiartista Thaís Kokama, da Aldeia Inhaã-bé, comunidade às margens do Rio Tarumã-Açu, em Manaus (AM). “Através da arte levamos informação sobre o nosso povo e sobre a importância de cuidar da natureza”, explicou Thaís, que transformou o espaço em um ponto de encontro entre tradição e inovação.
Com a COP30 se aproximando, cresce a expectativa de que o Pará se torne referência mundial em soluções sustentáveis que valorizem o protagonismo local. Pequenos negócios da Amazônia, que já conciliam economia e conservação de forma intuitiva, têm agora a oportunidade de mostrar ao mundo que desenvolvimento e floresta em pé podem caminhar juntos.
Mais do que um evento preparatório, a movimentação em torno do Círio reforça a mensagem de que sustentabilidade começa nas relações cotidianas — do consumo consciente à valorização da produção regional. Belém se posiciona, assim, não apenas como sede da conferência, mas como símbolo de uma nova forma de pensar o desenvolvimento: inspirada pela fé, guiada pela cultura e enraizada na floresta.