Nosso entrevistado da semana é o arquiteto Gustavo Augusto Lima Neto. Arquiteto com formação pela Universidade de Fortaleza (2014) e vivência acadêmica internacional em Madri, tem uma década de experiência, com um portfólio que abrange projetos em diversas regiões do Brasil e nos Estados Unidos, refletindo sua versatilidade e visão global.
Consolidou sua reputação com o Prêmio de Melhor Projeto na Mostra 100%Design em 2017 e 2019.
Sua forte presença na CASACOR Ceará, onde já participou cinco vezes, rendeu-lhe o prestigiado Prêmio Anual Design pelo Lavabo Jardim em 2018 e o primeiro lugar na categoria de Design em 2024. Mais recentemente, em 2025, recebeu o Prêmio Impacto Visual na Expo Construir, confirmando sua influência e excelência no cenário da arquitetura e design.
Nessa edição da mostra, assina o espaço da cafeteria. Saiba mais no nosso perfil.



Como você optou pela arquitetura como caminho profissional? Já tinha noção do mercado?
A arquitetura surgiu em minha vida como uma paixão inata, cultivada desde a infância. O desenho, que era meu maior hobby, foi incentivado pelos meus pais com cursos e atividades que nutriram minha criatividade. O ponto de virada foi aos 11 anos, durante a reforma de minha própria casa: fiquei fascinado pela marcenaria e passava horas reproduzindo seus detalhes no papel. Aos 16, um intercâmbio me proporcionou aprofundar nos estudos de desenho, onde me destaquei entre alunos mais velhos, consolidando minha vocação. Ao retornar ao Brasil, a escolha pela Arquitetura foi um caminho natural, e desde então, venho transformando essa paixão em projetos que contam histórias. Confesso que foi muito desafiador entrar no mercado, mas com a bagagem que fiz nos escritórios que estagiei, me ajudou bastante a me firmar entre a nova geração de arquitetos.
Como foi a experiência de trabalhar fora do país? Quais as principais diferença notadas entre os clientes daqui e os de fora?
Meus clientes de fora são brasileiros. Eles sentem saudade do nosso jeito particular de contar nossa historia através da arquitetura. Temos grandes designers e nossa arte é única que transcende barreiras. O mais difícil é se adaptar às normas, métodos construtivos e os materiais.
Quais as principais conquistas profissionais que você quer destacar?
Nesses quase 11 de carreira, venho conquistando inúmeros sonhos. Mas os que mais me marcaram foi a minha primeira participação na CASACOR em 2018, a inauguração do meu novo escritório lançando minha carreira solo em 2023, o prêmio de primeiro lugar pelo uso de Design na CASACOR 2024 e sair na nova edição do Livro “A Grande Beleza” do curador da CASACOR, Pedro Ariel, com o projeto Janelas de Iracema.
Nos fale um pouco sobre o seu projeto nessa edição da Casa Cor Ceará. Quais as principais inspirações? O que você pretende transbordar para os visitantes nessa cafeteria?
O ambiente é um convite a uma jornada sensorial, onde a paixão pelo café se encontra com um profundo respeito pela sustentabilidade e identidade cultural local. Existem detalhes que agregam valor ao projeto, como as estruturas metálicas e cobertas, antes descartadas, que agora foram ressignificadas. As mesas, criadas a partir de chapas de pedras de edições anteriores da mostra, foram transformadas em peças que celebram a memória do evento. A bancada principal é um painel feito de cápsulas de café recicladas, um tributo à economia circular e à paixão pela bebida, com um olhar atento às raízes cearenses. O mobiliário e os objetos, compostos por peças de designers e artesãos locais, criam uma atmosfera autêntica e acolhedora. No quesito arte, peças de arte foram criadas pelas mãos de Andrea Dall´Olio, reutilizando sobras de materiais de produção das embalagens de café. O resultado é um santuário de reconexão, onde o aroma do café, a solidez da pedra e o calor da arte local se unem para oferecer uma experiência única e memorável.
Como você cuida do seu bem-estar? E como se mantém atualizado como arquiteto?
Eu tenho sempre duas horas antes de dormir para me desconectar do mundo. Gosto de dar essa pausa para ler ou assistir algo que agregue à minha vida. Priorizo minha saúde fazendo exercício todas as manhãs e cuido da Diabetes com uma boa alimentação.
Como arquiteto, me mantenho atualizado porque sou uma pessoa curiosa. Tenho fome de arquitetura e busco inspiração a todo momento. Conhecimento nunca é demais.
Quem é o arquiteto que mais te inspira hoje?
Meus conterrâneos Carlos Otávio e Marcus Novais.
Quais os seus hobbies?
Desenhar, pintar, artes manuais, assistir séries e filmes e conhecer um novo café na cidade.
Nos indique um filme, um livro e uma série.
Filme- O Brutalista
Livro- Saber Ver a Arquitetura de Bruno Zevi
Série- Abstract: The Art of Design
