A fotografia que capturou Gabriel Medina em um dos momentos mais emblemáticos das Olimpíadas de Paris 2024 acaba de ganhar um novo status: entrou oficialmente para o acervo do Museu Olímpico. O registro, feito pelo fotógrafo francês Jérôme Brouillet, da Agência France-Presse (AFP), mostra o surfista brasileiro emergindo de um tubo em Teahupo’o, no Taiti, com o dedo erguido e o corpo perfeitamente alinhado com a prancha em pleno ar — uma cena que parece congelar o tempo e traduzir a essência do surfe em um único instante. A imagem, que rapidamente viralizou nas redes sociais e veículos de imprensa do mundo todo, tornou-se símbolo não apenas de uma nota quase perfeita, 9,90, mas de um estilo, de uma atitude e de um momento histórico do esporte olímpico.
A escolha do Museu Olímpico em incorporar a foto ao seu acervo representa o reconhecimento de que o esporte vai muito além das medalhas e resultados: ele também é feito de imagens que contam histórias e inspiram gerações. Essa fotografia de Medina captura a potência do surfe como expressão de liberdade, arte e técnica. Há algo de quase cinematográfico no enquadramento, na luz que atravessa o tubo e na imponência do gesto do atleta, como se ele dominasse não só as ondas, mas também o tempo. O clique transformou-se em ícone instantâneo, atravessando fronteiras e se tornando parte da cultura pop — estampando capas, murais, projetos artísticos e inspirando até coleções de moda e design.
A entrada da imagem no acervo institucionaliza o que o público já sentia: trata-se de uma das fotos esportivas mais marcantes da década. A decisão também reforça o papel do museu como guardião da memória esportiva, preservando momentos que se tornam representações culturais de uma época. No caso de Medina, essa memória é brasileira, oceânica e universal ao mesmo tempo. É o retrato de um atleta em estado de graça, mas também de um país que aprendeu a se ver refletido nas ondas e na ousadia de seus surfistas.
Ao integrar o acervo, a foto passa a conviver com outros registros históricos do esporte mundial, consolidando Medina não apenas como bicampeão mundial e ídolo olímpico, mas como personagem de uma narrativa visual que transcende o mar e o pódio. A força simbólica da imagem é tamanha que ela já foi premiada em concursos internacionais de fotografia esportiva e elogiada por especialistas pela precisão do momento captado. A foto, que nasceu de um instante, ganha agora a eternidade do museu — onde será vista, estudada e admirada como parte de um legado que une arte, esporte e emoção.
Mais do que um registro de vitória, é uma imagem que fala sobre beleza, técnica e pertencimento. Gabriel Medina, naquela fração de segundo congelada pela lente de Brouillet, não apenas surfou uma onda monumental: ele surfou a história.