O Brasil alcançou um marco inédito na área de ciência e tecnologia em saúde essa semana, com a publicação do primeiro artigo científico sobre os resultados dos testes de segurança da vacina SpiN-TEC — o primeiro imunizante 100% nacional contra a Covid-19. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) investiu R$ 140 milhões no desenvolvimento da vacina, por meio da RedeVírus, apoiando todas as etapas de testes, desde os ensaios pré-clínicos até as fases clínicas 1, 2 e 3.
SpiN-TEC adota uma estratégia inovadora, a imunidade celular: ela prepara as células para que elas não sejam infectadas e, caso a infecção ocorra, essa vacina capacita o sistema imunológico a atacar apenas as células atingidas que são destruídas. Essa abordagem mostrou-se mais eficaz contra variantes da Covid-19 nos ensaios em animais e em dados preliminares em humanos.
A vacina foi desenvolvida pelo Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Fundação Ezequiel Dias (Funed). O recurso é do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), gerido pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
De acordo com Gregório Almeida, líder da plataforma de imunologia clínica do CT-Vacinas e autor do artigo publicado, explica o funcionamento da vacina, que é diferente das outras disponíveis no país. “Ela ensina o sistema imune das pessoas a reconhecer esse vírus. Quando uma pessoa é infectada, nosso sistema imune já conhece o vírus, então ele é capaz de combater essa infecção”, diz.
A primeira etapa do desenvolvimento do imunizante envolvia testes em animais, antes da permissão para a realização de testes em humanos. “No ano de 2022 a gente conseguiu essa licença da Anvisa para realizar esse estudo em humanos e a gente iniciou esse estudo de fase um”, relata Almeida.
Os pesquisadores já finalizaram a segunda fase do desenvolvimento, que mostra a eficácia da resposta do imunizante. Na fase três, cerca de 4.500 voluntários serão recrutados para finalizar os testes.