No texto de Gonzaga Mota, uma reflexão forte sobre o impacto do “dragão inflacionário” na vida da sociedade e a urgência de enfrentá-lo com firmeza e espírito público.
“Vade retro Satana” (Afasta-te, Satanás”) é uma frase usada em ritual
para exorcizar os maus espíritos do corpo de uma pessoa. Por vezes emprega-
se, no dia a dia, o termo “vade retro” para eliminar fenômenos indesejados.
Na realidade trata-se, por exemplo, pode-se dizer “vade retro inflação”.
Na realidade trata-se de algo muito prejudicial a uma sociedade, particularmente
às classes menos favorecidas. A inflação é um processo circular, portanto,
difícil de se estabelecer relação de causalidade. Um aumento de tarifa pública
pode, ao mesmo tempo, ser considerada causa e efeito do processo.
Não é fácil para os formuladores de política econômica de um País buscarem o
caminho para a eliminação do “dragão”, mas, por outro lado, não é
complicado estimular as elevações persistentes do nível geral de preços,
influenciadas, muitas vezes, por decisões inconsistentes de ordem político-
administrativa. A inflação de demanda, excesso de procura sobre a oferta, é
gerada quando os mercados, por razões naturais e/ou artificiais, evidenciam
distorções. Já a inflação de custo reflete uma alta de preços motivada por
decisões de Governo e não por um jogo de oferta e procura do mercado.
Por sua vez, a inflação setorial é uma combinação de dois fenômenos: rigidez
dos preços no sentido descendente e mudanças de preços relativos. Não há
dúvida, a inflação resistente desarticula os sistemas administrativo,
produtivo e político de uma sociedade. É uma questão complexa. As
autoridades de um País devem enfrenta-la com firmeza e espírito público,
não cedendo a pressões cartoriais e corporativas indevidas. “Vade retro inflação”.
(Gonzaga Mota)