No último dia 8 de agosto, a jornalista e escritora Míriam Leitão foi oficialmente empossada na Cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras, ocupando o lugar deixado pelo cineasta Cacá Diegues, falecido em fevereiro deste ano . A cerimônia, emocionante e simbólica, marcou não apenas mais um capítulo na trajetória da colunista de O Globo e comentarista da GloboNews, mas também um momento de afirmação da pluralidade e da representatividade na instituição — ela é a 12ª mulher a ingressar na ABL .
No seu discurso, Leitão brindou a todos presentes com palavras carregadas de significado e sentimento. “Nós temos o mesmo amor, todas as pessoas que pertencem a essa casa […] é um amor que não quer o objeto amado só para si. Prefere […] seduzir mais e mais pessoas para a mesma paixão. Compartilhar, ampliar e difundir. Cada pessoa […] tem o mesmo caso de amor com um livro”, declarou, em trecho que revela o poder da cultura como elo de conexão e transformação .
A nova imortal também fez questão de enfatizar a diversidade cultural e social que a Academia deve e precisa refletir: “Merecer os que vieram antes de nós é sobretudo procurar cada vez mais fazer da Academia um centro plural do pensamento brasileiro, do qual esse país diverso, negro, branco, indígena, multilíngue […] se veja e se reconheço” . Com essa visão, Leitão posiciona-se como porta-voz de um projeto intelectual inclusivo, coerente com os desafios contemporâneos.
A trajetória de Leitão converte-se em inspiração para novas gerações: com quase 54 anos de carreira, 16 livros publicados em gêneros diversos e uma trajetória marcada por coragem e crítica — tendo sido presa e processada durante a ditadura, aos 19 anos — ela encarna hoje a figura de uma intelectual comprometida, que nunca deixou de exercer seu papel como repórter .
