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Mais uma volta ao redor do Sol por Kelly Garcia

Quando essa crônica for publicada, eu estarei na primeira manhã dos meus 42 anos. Quem diria que eu chegaria tão longe?

Digo isso porque na adolescência inteira eu imaginava que terminaria a vida com 17 anos, por conta das Profecias de Nostradamus. Não chegaria a ter nenhuma grande realização porque o mundo acabaria com o fim do segundo ano do Ensino Médio. E a minha adolescência era uma sucessão de dramas bestas. Zero viagens, zero festas. A única emoção era o coração que vivia ocupado. E partido.

Passada essa falsa profecia e eu ter dado o ok na check list da maioria das pessoas, com casamento, filho, profissão e emprego, veio de novo a profecia do calendário maia, pra terminar o mundo com o meteoro em 2012. O filme, eu nem assisti na época porque tinha medo de me impressionar. De tanto a família insistir, vi e passei meses tendo o mesmo pesadelo das ondas invadindo Fortaleza na Praia de Iracema e eu me agarrando com meus filhos na beira da praia.

De 2012 para cá, cada ano reservava uma surpresa diferente. Em alguns, passava batido e, em outros, comemorei abraçando as pessoas. De apocalipse e Armagedom, eu andei meio afastada. Fiquei descrente com tanta profecia falsa e preferi me apegar com a bíblia que diz que nem o Filho do Homem sabe a data certa do planeta explodir. Sei lá se vai ser assim. Pode ter tempestade solar, uma nave jogar uma bomba ou abduzir uma parte da população. São tantos os mitos…

Nessa terça, eu amanheço inaugurando mais um ciclo. Fui procurar saber o que tem previsto para a pessoa que chega na minha idade e não tem muita coisa boa. É a perimenopausa, um declínio do colágeno e do vigor físico. Parece que vem muitos desafios por aí. De coisa boa, tem a sabedoria acumulada e uma vontade danada de experimentar coisas novas. A lista de primeiras vezes ainda tá bem comprida. Estou em plena adaptação de uma nova forma de viver que fiz questão de iniciar.

Desde julho, comecei a colocar a casa em ordem, tanto a parte de decoração, como as minhas atividades e dos meus filhos. Me desfiz de móveis que estavam quebrados, potes sem tampa, tampas sem potes, roupas que não combinavam mais comigo. Enchi a sala de plantas, ajeitei meu escritório, coloquei um bebedouro para os passarinhos. O apartamento ficou mais claro, vivo. Todos os dias recebo visitas de pelo menos umas três espécies diferentes de passarinhos. Sempre me admiro e falo com eles. A escrita e a leitura como escapes e a catarse para os momentos complicados.

Sigo de peito aberto para o que essa nova idade vai me trazer. Por enquanto, saboreio de bocadinho em bocadinho essa vida que estou construindo devagar. A felicidade é uma construção? É nisso que quero acreditar.

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Por minha vasta convivência profissional durante anos com a sociedade de Fortaleza, aprendi a captar notícias em suas mais preciosas e seguras fontes. Por perceber que no contato com esses registros sociais estava a fonte de minha vocação, resolvi criar meu próprio espaço na mídia virtual, reunindo uma equipe capaz e competente.

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