A Agência Nacional de Vigilância Sanitária anunciou recentemente a proibição de duas substâncias químicas presentes em alguns produtos usados na aplicação das unhas em gel: o TPO (óxido de difenil-fosfina) e o DMPT (N,N-dimetil-p-toluidina, também conhecido como DMTA). A decisão segue o mesmo caminho adotado pela União Europeia e foi tomada após estudos indicarem possíveis riscos à saúde. As pesquisas associaram o TPO a alterações na fertilidade e o DMPT ao desenvolvimento de câncer em testes realizados com animais.
Segundo especialistas, ainda não há comprovação de que esses compostos causem danos diretos à pele humana, mas o alerta foi suficiente para que a Anvisa decidisse adotar uma postura preventiva. A dermatologista Rosana Lazzarini, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explica que a medida é um avanço na segurança dos cosméticos, especialmente para as profissionais que lidam com esses produtos diariamente, já que a exposição prolongada a essas substâncias pode gerar reações químicas e doenças ocupacionais.
Com a nova resolução, a fabricação e importação de cosméticos que contenham TPO ou DMPT estão vetadas, e os estabelecimentos terão até 90 dias para retirar os produtos com essas fórmulas das prateleiras. Isso significa que as unhas em gel não estão proibidas, mas que os fabricantes precisarão reformular seus produtos, tornando-os mais seguros. Em outras palavras, o procedimento continua permitido, desde que sejam usados materiais livres das substâncias banidas.
Mesmo com essa atualização, os dermatologistas reforçam que a técnica de unhas em gel deve ser usada com moderação e cuidado. O processo de cura sob luz UV ou LED pode causar ressecamento e enfraquecimento das unhas, especialmente quando feito com frequência excessiva ou sem os intervalos necessários entre as aplicações. Além disso, a retirada incorreta do gel pode deixar as unhas naturais mais finas, quebradiças e suscetíveis a infecções fúngicas ou bacterianas.
Outro ponto importante é a possibilidade de reações alérgicas. Vermelhidão, coceira e inflamações ao redor das unhas são sinais de alerta que indicam que algo não vai bem. Tanto as consumidoras quanto as profissionais devem ficar atentas à composição dos produtos e buscar marcas regularizadas pela Anvisa. Também é fundamental escolher salões que adotem boas práticas de higiene e esterilização dos materiais, garantindo um atendimento mais seguro.
Para quem ama o brilho e a durabilidade das unhas em gel, vale adotar algumas medidas simples para reduzir os riscos: verificar se os produtos utilizados estão devidamente registrados na Anvisa, aplicar protetor solar nas mãos antes de usar a cabine de luz ou optar por luvas com proteção UV, e dar pausas entre uma esmaltação e outra para que as unhas possam respirar. Complementar a rotina com óleos nutritivos e bases fortalecedoras também ajuda a recuperar a saúde das unhas naturais.
A decisão da Anvisa não deve ser vista como um fim, mas como uma oportunidade de evolução. A indústria da beleza está cada vez mais comprometida em desenvolver produtos eficazes e seguros, e as consumidoras têm um papel essencial nesse processo, exigindo transparência e qualidade. Assim, as unhas em gel continuam sendo uma opção viável, desde que aplicadas com responsabilidade e com produtos que respeitem a saúde de quem usa e de quem aplica.
Em tempos em que informação é sinônimo de poder, entender as razões por trás da proibição e adotar práticas conscientes é o caminho certo para continuar exibindo unhas lindas, saudáveis e, agora, ainda mais seguras.
